O Som e o Dom
Eduardo Aroso
Vigiar o verbo cumprindo o ritual,
Terra e céu oficiantes em comunhão:
Alta é a prece, pronúncia de Portugal,
Espada feita arado de outra visão.
*
Retomar a esperança em riste de Viriato
- A liça que é a nossa só existe pelo ser.
Algures sopra de novo uma aragem doce
Sobre as floridas trepadeiras franciscanas
E as crianças, bússolas do destino mais belo!
Cuidar das letras e das rosas plantadas,
Dessas orações fortalezas e castelos
Mais altos que o gume das espadas.
*
O m ondulando, moldado ao mar,
Murmúrio e mito, marés do palato.
Vogais e consoantes brisas a cantar
Sobre as águas, flor do som sem hiato.
Suspensa se torna a quem escuta
A cadência vital da livre respiração.
De súbito o sentido no seio do ser
E em saudade-silêncio soa o s bastião!
4-4-2010
Sem comentários:
Enviar um comentário