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domingo, 20 de junho de 2010

«SINGULARIDADES»: OS POEMAS, 2

O Som e o Dom


Eduardo Aroso


Vigiar o verbo cumprindo o ritual,
Terra e céu oficiantes em comunhão:
Alta é a prece, pronúncia de Portugal,
Espada feita arado de outra visão.

*

Retomar a esperança em riste de Viriato
- A liça que é a nossa só existe pelo ser.
Algures sopra de novo uma aragem doce
Sobre as floridas trepadeiras franciscanas
E as crianças, bússolas do destino mais belo!
Cuidar das letras e das rosas plantadas,
Dessas orações fortalezas e castelos
Mais altos que o gume das espadas.

*

O m ondulando, moldado ao mar,
Murmúrio e mito, marés do palato.
Vogais e consoantes brisas a cantar
Sobre as águas, flor do som sem hiato.
Suspensa se torna a quem escuta
A cadência vital da livre respiração.
De súbito o sentido no seio do ser
E em saudade-silêncio soa o s bastião!

4-4-2010

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