85 – Tem havido entre nós figuras que voaram aos cumes, Ícaros vencedores uns e outros menos sustentados, que andaram pela Taprobana das alturas, ousados seres, ainda que divididos em si. Antero foi um deles. Entre a metafísica e doutrinas sociais, temos essa alma sensível e visionária que viu falhar o 31 de Janeiro, desconhecendo-se se ao seu problema de existencialismo ou ao malogro da revolta se ficou a dever o infeliz desenlace no dia 11 de Setembro do mesmo ano. E nunca se sabe se, a acontecer mais tarde, o poeta não morreria de desgosto em 5 de Outubro de 1910 e nos dias que se lhe seguiram!
86 – No seu ofício de sapateiro - ou de alguém que cuida do que suporta todo o peso do corpo ou de uma pátria – Bandarra utilizava a tripeça, ou, simbolicamente, peça tripartida. 3 sonhos vertidos em trovas, ou 3 Idades da humanidade em visão de Joaquim de Fiore, enfim, 3 notas de um acorde pluri-civilizacional. Uma estrutura tripartida (a divina tríade), como havia sido a Divina Comédia de Dante e, mais tarde, a Mensagem de Pessoa. Agora que se cumprem 100 anos abarcando 3 repúblicas, podemos pensar no anti-profetismo de qualquer uma delas. Nas tripeças, como em tudo, existem as verdadeiras e as falsas; ao que parece, actualmente, continua a ser preferível a tripeça ao banco!... Há ainda a esperança de que Portugal se continue a apoiar (refundar) na vera tripeça do visionário de Trancoso, como nos apoiamos linguisticamente nas seguintes 3 palavras cada uma com 3 sílabas: Bandarra – tripeça – sapato.
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