Amor fati
"Amor fati" é uma expressão latina que exprime a ideia de que se deve amar o seu próprio destino. De vez em quando somos confrontados com acontecimentos inevitáveis, mesmo que nos pareçam pequenos. Perante o inevitável, o necessário, o destino, podemos resignar-nos ou, então, numa atitude de alma mais nobre, aceitá-lo como se tivesse sido uma escolha nossa. Somos muito menos do que a imagem superficial ridícula que fazemos de nós, mas também somos muito mais, isto é, existe em nós uma sabedoria latente, profunda, pré-natal, que ultrapassa tudo quanto podemos sonhar. Infelizmente estamos separados de nós mesmos, vivemos à superfície de nós mesmos. No mito de Er, Platão descreve que a alma, antes de nascer, escolhe o seu destino. Perante isto, sabendo isto, podemos, pois, aprender a descobrir porque é que escolhemos aquele acontecimento da nossa vida. Aprendendo a amar o nosso destino, aproximamo-nos daquela parte de nós que sabe, daquela parte da qual estamos separados. Em religião chama-se a essa parte de nós, o anjo; em filosofia aristotélica, a enteléquia ou o intelecto activo; ela é o céu do nosso pensamento, nós somos a sua terra, a terra onde se realiza a sua acção.
Tapeçaria representando as Três Parcas
FALÊNCIA DO DESTINO
ResponderEliminarO que é o destino? Ninguém sabe. Tanto pode ser uma linha descontínua, como uma árvore ou um filme com vários argumentistas e um realizador que gasta toda uma vida a aprender a realizar um livro que nunca aprendeu ou soube ler. Será o destino um mistério que nunca se desvendará perante a realidade de um ciclo vicioso ou será um software com as rotinas programadas pela nascença do nascimento que se desconhece. Este destino que transforma todo o destino que é a poeira cósmica que flutua nos segredos do Universo, é, apenas, uma migalha que alimenta a árvore que se planta na floresta da Humanidade e respira o ar que rega a seiva que ninguém domina. Será o destino a força inabalável que nos obriga a percorrer a linha descontínua de uma continuidade que se fabrica na fábrica humana dos produtos falíveis? O destino é o produto típico da falência humana! E a falência do destino é o destino português da árvore que se desenvolveu como um filme em que vários realizadores nunca compreenderam o argumento da beleza quotidiana e a infalibilidade da arquitectura humana, porque a capacidade ocular dos seus neurónios se reduziu à visão simplex de uma peça que sempre se representou no palco de um teatro falido. O que é o destino? Ninguém sabe, a não ser o actor que se perdeu no palco da vida.
Jorge Brasil Mesquita