
[Álvaro Ribeiro, a imaginação e o conto]
“Tudo que pretendermos ensinar à criança há-de ser de estilo narrativo e em narrativas hão-de ser todos os ensinamentos que lhe desejarmos transmitir. Na forma de conto, nas variadas espécies de contos, é que a credulidade pueril assimila os conhecimentos indispensáveis ao seu descobrimento do mundo. Ela estabelecerá o paralelo entre a imaginação e a inteligência, entre o imaginado e o inteligido, entre falsidade e realidade, para chegar à fase de crítica que pressupõe perfeito uso da razão.”
“Todas as outras faculdades humanas podem ser exercitadas em consequência do progresso da razão prática, estética e teórica, segundo o programa de ensino que costuma ser mais racional do que experimental; mas a imaginação cessa de progredir depois da adolescência, excepto nos homens que foram chamados a superior destino por vocação artística, filosófica ou religiosa. Não será erro dar preferência ao ensino da imaginação até à idade de catorze anos, combinando os exercícios abstractos que a estimulam com a provação concreta das obras de arte que a confirmam. Graduar os contos segundo o tipo de maravilhoso adequado às idades e aos sexos dos estudantes, será trabalho de classificação literária que culminará na habilitação para o entendimento da história dos povos.”
Álvaro Ribeiro
(excertos retirados de A Razão Animada, INCM, 2009)
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