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quinta-feira, 1 de abril de 2010

PALAVRAS QUE FAZEM VER, 20


[Álvaro Ribeiro, a cultura e o Estado - 2]

“Está no evolucionismo a legitimação filosófica não só da pedagogia – etimologicamente, do poder que o adulto exerce sobre o adolescente, quando o leva a frequentar a escola –, mas ainda de todo o ensino público, exercido pelo Estado para defender, conservar e propagar a tradição nacional. A licença concedida à iniciativa particular de promover a educação, licença tão limitada como legítima, não satisfaz plenamente os fins superiores da sociedade humana. A iniciativa particular resvala quase sempre para o plano do utilitarismo, do egoísmo e da avareza, conforme verificam os doutrinadores que preconizam a exemplaridade normativa do Estado, sem a qual a sociedade desistiria de realizar os valores supremos que são a Bondade, a Beleza e a Verdade.
Ao assumir de qualquer modo a responsabilidade docente, o Estado torna-se também responsável pelo destino da cultura, pela realização de fins espirituais. Cumpre-lhe, pois, assegurar a protecção devida aos artistas, aos escritores e aos pensadores, que são os verdadeiros criadores da cultura, evitar que eles desistam de exercer as actividades a que haviam sido chamados por vocação, assegurar a continuidade na produção de valores nacionais. A História julga o Estado, não só pela boa ou má administração das escolas, mas também pela situação social em cada época atribuída à ciência, à literatura e à filosofia.”
Álvaro Ribeiro
(excerto retirado de A Razão Animada, INCM, 2009)

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