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Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



quarta-feira, 18 de novembro de 2009

NO CORAÇÃO DA ARTE, 30

Cynthia Guimarães Taveira


A Tela Branca
Em arte não há novidade. Novidades encontramo-las espalhadas pelos jornais nas bancas ou nas surpresas, bem vindas, ou não, que se nos apresentam pela vida. Trémulo, o pintor, está frente à tela branca. Ela está imóvel, passiva, serena. Espera-se. Em conjunto com a batuta do maestro que escuta, o pintor ergue o lápis primeiro e desenha as formas, as curvas, os “porquês“, os “comos”. De seguida segura no pincel e a cor vai tomando conta dessas formas, curvas, “porquês” e “comos”. Deixa a resposta. A obra é uma pergunta respondida e por isso não há novidade. Acabou. Limpou o suor. Sentiu a alegria súbita no final. Cumpriu-se. Prevista, agora vista, a obra é actualizada em gesto e antiga desde há muito.

1 comentário:

  1. LAMENTO
    Lamento, mas não há telas brancas em lugar algum. Os pinceis invisíveis, manipulados pela inconsciência dos factos, ungiram-nas com toda a espécie de cores fugitivas, obrando obras sem porquês, nem comos. São idealizadas,concebidas, planeadas e concretizadas com batutas sem paletas e vigoram nas praças do suor, como partituras de tela primas, sem obras.
    Uma tela branca é uma provocação a uma mente desorganizada que impõe as cores dos seus idiomas, sem os prazeres dos cheiros que as cores da verdade criam aos passageiros humanos, quando os pinceis são as magias magníficas dos quadros em que as cores são as gargalhadas frescas e inocentes de crianças que admiram fascinadas o mundo colorido em que vivem.

    Oeiras, 19/11/2009 - Jorge Brasil Mesquita
    www.comboiodotempo.blogspot.com

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