(os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores)

Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



quarta-feira, 30 de junho de 2010

EXTRAVAGÂNCIAS, 66

Trovas de um descendente do Bandarra, sapateiro de Trancoso - (7) -
Eduardo Aroso

(Estando eu a laborar, olhando o sapato com atenção,
pensei nos astros e no solstício - quando o sol parece ficar parado.

Reparei também que o povo, em grande agitação e maior cegueira, vai numa estranha procissão…)


É com certo sofrimento
Se vos tenho que falar.
Medito no momento
Para dizer ou calar.

Há porém ocasiões
Que me toca não sei quê
Pra mexer de outro modo
No que toda a gente vê.

Converso a sós comigo
E com os outros também;
E no meio disto tudo
Algo em nós vai e vem.

Neste ciclo de passagem
Não há alta velocidade!
Há o que se possa entender
Do que se chama verdade.

Diz-se que em certas alturas
Nos acorda um aguilhão.
Mas ele pode dar força
Ao malévolo dragão.

Pouco a pouco a esta ideia
O tempo nos conduz:
Só há dois grandes partidos
- O das trevas e o da luz.

(continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário