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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

AFORISMOS, 8

Eduardo Aroso

36 – Um escritor, ao tratar um tema de índole religiosa, ou nos ajuda a (re) ligare o que há de humano e divino em nós, ou contribui para nos afastar cada vez mais da nossa natureza essencial. A sua obra, ou nos eleva, ou nos rebaixa. Ou abre horizontes de infinitude, ou no seu cepticismo (às vezes cinismo) pode, com mais ou menos alcance, substituir-se à fonte de onde bebeu. Esse puro som da água, o autor poderá ouvi-lo, mas nunca escutá-lo. E assim, certas criações literárias vão-nos ficando como “manuais de crueldade”, e o mais perigoso é que a questão se pode tornar em novos e maus costumes, isto é, a obras desta natureza seguem-se outras do mesmo estilo…
37 – Como alguém disse, a negação de Deus é uma forma de analfabetismo. Ora, alfabetizar o mundo só a Vida o pode fazer devidamente, a par com outras ajudas que os homens concebem em sintonia. O ateu permite activar no crente a potência da fé e do conhecimento revelado, por vezes a companhia momentânea do sublime. Ele é a nota dissonante que torna evidente a beleza da harmonia. É certo que todos somos filhos de Deus, criaturas do Criador, porém aquele que nega a transcendência é como o aviador que não sabe onde vai: se no ar, em terra, no mar, ou em lado nenhum. O crente vê a si e mais além no espelho da Criação. O ateu é o espelho partido…
38 – Aquele cuja língua golpeia a casa sagrada da Palavra do Senhor e comete violação no regaço do coração dos simples, um dia poderá ou não ter a graça de Deus de não ficar tolhido das mãos para manejar o arado, a caneta ou o computador.
39 – Fazendo jus ao ditado popular, por muito que um boi olhe para um palácio, o boi nunca saberá o que é um palácio!
40 – Ai de nós se não formos capazes de (re) anunciar um mundo melhor, a comunhão dos dias que começam nas manhãs de esperança (leia-se ou releia-se Prisioneiros da Esperança de António Carvalho, Âncora editora). Ai de nós se não formos capazes de mostrar a diferença dos livros efémeros e daqueles que foram escritos sem prazos de validade, para eterno benefício da humanidade. Anunciar, em tempos de agora para outros tempos, requer o exemplo da navegação perfeita por oceanos de sentir, de pensar e de agir.

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