(os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores)

Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



segunda-feira, 6 de junho de 2011

D. SEBASTIÃO



















Veio do sul esse perfume
Dessa moura de véu alado
Veio do sul com a andorinha
Veio em nuvens no céu dado

Na praia do grande mar
Essa nuvem transbordou
Para cima e para baixo
Para o sonho não esperado

Peguei em armas pequei em ferros
Com um salto desvairado
Meti o freio nos dentes
Ao meu cavalo de pêlo raro

Voei por cima das montanhas
Voei por debaixo do mar
Voei longe e enfeitiçado
Só para a poder encontrar

Essa moura de alto porte
Era a guerra desejada
Eram terras de má sorte
Era a vida por um nada

Já fui rei em céu aberto
Já fui quem todos esperavam
Já fui morto em terra negra
Já sou sonho desbravado

Desbravado no futuro
É o meu corpo que há-de vir
Já sem nome, já sem espada
Apenas eu e o sol a luzir

E as faces que me esperam
Serão espelhos a brilhar
Serão luz no tempo eterno
Serão Deus a gargalhar

E a alegria será tanta
Que mais nada se ouvirá
Apenas os poetas a escrever
Esse riso que Deus dará

6-6-2011
Cynthia Guimarães Taveira

1 comentário:

  1. Ainda bem - como alguém já disse - que o mundo anda «ao Deus dará». Ou melhor, seria bom que assim andasse. Às vezes, mais parece andar «ao Deus que não dá», o que, em última instância, não pode ser. Mas que anda aos tombos, isso anda. Deus observa, certamente, até que o tombo seja de tal ordem, que seja preciso salvar a criança travessa (agora louca) que se chama humanidade.

    Certo é o que a Cynthia diz no último verso do seu poema «Esse riso que Deus dará». Um dia...

    Eduardo Aroso

    ResponderEliminar