segunda-feira, 6 de junho de 2011
D. SEBASTIÃO
Veio do sul esse perfume
Dessa moura de véu alado
Veio do sul com a andorinha
Veio em nuvens no céu dado
Na praia do grande mar
Essa nuvem transbordou
Para cima e para baixo
Para o sonho não esperado
Peguei em armas pequei em ferros
Com um salto desvairado
Meti o freio nos dentes
Ao meu cavalo de pêlo raro
Voei por cima das montanhas
Voei por debaixo do mar
Voei longe e enfeitiçado
Só para a poder encontrar
Essa moura de alto porte
Era a guerra desejada
Eram terras de má sorte
Era a vida por um nada
Já fui rei em céu aberto
Já fui quem todos esperavam
Já fui morto em terra negra
Já sou sonho desbravado
Desbravado no futuro
É o meu corpo que há-de vir
Já sem nome, já sem espada
Apenas eu e o sol a luzir
E as faces que me esperam
Serão espelhos a brilhar
Serão luz no tempo eterno
Serão Deus a gargalhar
E a alegria será tanta
Que mais nada se ouvirá
Apenas os poetas a escrever
Esse riso que Deus dará
6-6-2011
Cynthia Guimarães Taveira
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Ainda bem - como alguém já disse - que o mundo anda «ao Deus dará». Ou melhor, seria bom que assim andasse. Às vezes, mais parece andar «ao Deus que não dá», o que, em última instância, não pode ser. Mas que anda aos tombos, isso anda. Deus observa, certamente, até que o tombo seja de tal ordem, que seja preciso salvar a criança travessa (agora louca) que se chama humanidade.
ResponderEliminarCerto é o que a Cynthia diz no último verso do seu poema «Esse riso que Deus dará». Um dia...
Eduardo Aroso