sábado, 7 de março de 2009
EXTRAVAGÂNCIAS, 3
As Duas Asas da Cotovia*
por Pedro Martins
No Verão que passou, recebi a visita inesperada de um amigo distante, há muito ausente de Sesimbra. Entre nós, poucos serão hoje os que ainda se recordam do porte distinto que Adolpho Rubens Cairo invariavelmente conferia à sua figura, sempre que, em manhãs solares cheias de gritas e gaivotas, percorria num afã peripatético o passadiço que outrora enleou o Macorrilho e o Alcatraz. Absorto do alarido próximo, Rubens Cairo colhia na aragem corrente o ânimo circunspecto com que, na companhia de algum confrade, discreteava sobre a Monadologia de Leibniz ou qualquer outro livro de jaez maravilhoso. E, no entanto, este homem austero, que, há cerca de doze anos, me foi apresentado num museu de Lisboa, é de seu ofício um fascinante pintor de arte, não tendo nunca, segundo se sabe, vertido em letra de forma, ao longo de uma vida já entrada, a mais insignificante cogitação. (...) ler mais *versão, ligeiramente diferente, da crónica divulgada na entrada anterior.
por Pedro Martins
No Verão que passou, recebi a visita inesperada de um amigo distante, há muito ausente de Sesimbra. Entre nós, poucos serão hoje os que ainda se recordam do porte distinto que Adolpho Rubens Cairo invariavelmente conferia à sua figura, sempre que, em manhãs solares cheias de gritas e gaivotas, percorria num afã peripatético o passadiço que outrora enleou o Macorrilho e o Alcatraz. Absorto do alarido próximo, Rubens Cairo colhia na aragem corrente o ânimo circunspecto com que, na companhia de algum confrade, discreteava sobre a Monadologia de Leibniz ou qualquer outro livro de jaez maravilhoso. E, no entanto, este homem austero, que, há cerca de doze anos, me foi apresentado num museu de Lisboa, é de seu ofício um fascinante pintor de arte, não tendo nunca, segundo se sabe, vertido em letra de forma, ao longo de uma vida já entrada, a mais insignificante cogitação. (...) ler mais *versão, ligeiramente diferente, da crónica divulgada na entrada anterior.
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