Eduardo Aroso96 – A República das Almas é possível e já existe, sem eleições nem Constituição. Não se ignora a outra, mas a concorrência é leal. Todos vão correspondendo ao convite do espírito, segundo as necessidades. A tendência é crescer sem atropelos nem apresentação de currículo, pois o límpido cidadão há-se ser despido e vestido de novo para, dignamente, subir de posto que é o de merecer um degrau acima para a Luz maior. A República das Almas não legisla para restrições nem sente a necessidade de apelos à liberdade, e, no jeito abolicionista, remove muitas bancadas, ideias importadas e despesas do erário público. A República das Almas basta-se em Deus a quem todos obedecem sem imposições.

97 – Inteiramente possível no interior, se já não podemos ter por fora o
«rumor dos pinhais que, como um trigo/ de Império, ondulam sem se poder ver», esse
«marulho obscuro» que
«é a voz da terra»,
mas também o ondulado timbre do nosso falar, e tendo nós que suportar o enervante ulular do vento quando passa nas florestas de betão citadino, ao menos sejamos livres de, diariamente sempre à mesma hora e em todas as restantes, ouvir mentiras na Língua de Camões. Se fosse noutro idioma, o sofrimento seria menor, sem que a ofensa deixasse de o ser por conter a palavra
Portugal – um dos nomes de Deus, como cria Agostinho da Silva.
98 – Cal branca sobre o velho muro: a cor cintilante da esperança.
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