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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ENIGMAS, 7












(Texto pensado a partir do livro “Da Serpente à Imaculada” de Dalila Pereira da Costa, e dos fragmentos pessoanos sobre “O Caminho da Serpente”)


Para onde vai a serpente quando passa por Deus e não pára?

Cynthia Guimarães Taveira

Ela volta por um outro caminho (ou por um caminho, uma vez que o primeiro não o era, de facto) porque lá, nesse Além Deus, só encontrou Vazio e gera, em movimento triplo, um outro caminhar de uma outra substância, pois, por se opor ao primeiro, desencadeia um terceiro movimento (a lei do pêndulo possui uma terceira força motriz invisível no balançar). Esse terceiro movimento só é perceptível na ponta final (porque nele se esconde a invisibilidade da invisibilidade), quando encontra Deus, de novo. Esse último, e terceiro, passo, é Deus no seu fluir.

Aqui, fala-se no regresso da serpente ( no seu segundo movimento) quando volta após ter ido além Deus, e, sofrendo o baptismo do Vazio, volta então como Imaculada:
Conhece todos os mistérios sem os atravessar.

Não os vê como ilusão, vê-os como lei.

Não assume as formas.

Assume a substância.

Não deixa a pele largada, quando deixa incendeia o passado, subtilizando-o assim, no osso.

Tem todos os caminhos.

É ordem e iniciação.

É obediência.

Não há oposição ao universo.

Não se tenta, não se mata.

Aceita a verdade e o erro.

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A serpente é repugnante na forma.

A imaculada é bela na forma.

A serpente é oca,

A imaculada é só substância.

A imaculada tem a consistência de todos os mistérios.

A serpente é tridimensional: o círculo e o S.

A imaculada é sem dimensão.

A imaculada pisa a serpente e resgata-lhe o osso que não tem, mas passa a ter.

A imaculada é a ordem e sistema.

A imaculada não repudia o que ama, integra-o (re-integra-o).

A serpente liga os contrários.

A imaculada não tem contrários.

A serpente inicia-se.

A imaculada é iniciadora.

A imaculada não envolve os mistérios, funde-se neles.

A imaculada, no seu gesto, é a lua nas suas faces em verdade interna e externa.

Onde parece que é igual, não é diferente.

É precisa como a ciência.

É mágica, senão mesmo a própria magia.

É alquímica porque transmutadora.

E quando chega a Deus sempre esteve n'Ele e n'Ele continua.

Continuando-O.

1 comentário:

  1. Texto verdadeiramente extraordinário. Não admira que não tenha comentários. Vai muito para além do brincar, usual, com palavras :)

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