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Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

AFORISMOS, 15

Eduardo Aroso

71 – O homem: rei da Criação, ou aio da Criação?
72 – Tudo o que nos prende começa por ser a única salvação. Depois há o movimento inquieto da negação. Mais tarde a verdade pode surgir como um fino relento na noite calma.
73 – «A prognosticabilidade é uma consequência do desenvolvimento organizado» - Dane Rudhyar. É de admitir que uma elite de seres pensantes de uma nação, homens e mulheres organizados que façam seguir a acção ao pensamento e cujo movimento do espírito gira à volta (em ) de Deus, possam emitir o melhor e possível prognóstico para a sociedade, admitindo, todavia, que o imprevisível e o imprevisto são irmãos gémeos, filhos da liberdade divina concedida aos homens, segundo o momento, a Hora que concede o timbre à História.
74 – Não se pode dizer que uma república oca (a de 5 de Outubro), depois uma ditadura mal ditada, por último uma democracia paradoxal – ou um paradoxo intitulado democracia portuguesa – tenham sepultado completamente Portugal, como alguns, em estilos diferentes, têm dito. Do mesmo modo que não dizemos que Camões foi sepultado em Lisboa, mas sim o seu corpo, também Portugal não foi sepultado pelas mudanças políticas apontadas. Apenas partes do seu corpus temporal têm sido cremadas por algumas formas de inquisição ainda activas. A turberculose não foi de todo extinta, e quando volta é mais resistente. A serpente – distintivo daquela misteriosa Ordem que, segundo Pessoa, preside ao nosso Destino – muda, naturalmente, a sua pele para continuar a viver mais rejuvenescida. Por isso, o dito popular “estar na pele de alguém” é estar (sentir) bem no âmago da sua alma.
75 – A lança e o cavalo substituem-se, ou melhor, têm os seus equivalentes no amor e na imaginação. No amor, estando implícita a defesa, a lança só servirá para proteger e curar os mais fracos e oprimidos. No brilho, visível ou não, desse metal cintilam os sonhos na promessa de se cumprirem. Na imaginação – incansável corcel – conquistaremos as terras e os espaços de Deus para os Homens de Boa-Vontade, todos esses que ainda não foram catalogados pelo saber humano.

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