
por Pedro Martins
Desenho: apontamento de Sant'Anna Dionísio
Um sonho havido esta noite, durante o sono, bem entendido: Renato Epifânio convida-me a escrever num próximo número da Nova Águia, e, comodamente, propõe-me o tema, que quase se diria um título: Leonardo Coimbra e o movimento do Y. Num primeiro momento, tomo a proposição como uma charada, ou uma bizarria; logo depois, como um enigma sério, que urge decifrar, imediatamente, ali mesmo, perante o Renato.
Concentro-me na letra: há, com efeito, um movimento no seu desenho, uma árvore, ou haste, que se bifurca em braços, ou ramos. Então, num ápice, como um náufrago que se agarrasse à tábua de salvação, antes de acordar, lembro-me ainda de certa passagem, já celebrizada, do prefácio que António Telmo escreveu para um livro de Pascoaes: Álvaro Ribeiro afirma, em dado momento, que não há uma, mas duas escolas de filosofia portuguesa. Não diz por meio de que pensadores se faz a divisão, mas não estará errado supor que estaria pensando em Sampaio Bruno e em Leonardo Coimbra. Eu vejo, quando evoco estes dois espíritos, a Igreja de João e a Igreja de Pedro perfilando-se no horizonte destacadas uma da outra, mas iluminadas pelo mesmo sol.
A esta luz, que é já a da vigília crítica, o movimento do Y passa por ser o da própria filosofia portuguesa. Suspeito, porém, que as duas hastes venham invertendo reciprocamente a direcção dos respectivos destinos originais, rumo ao infinito da Luz. Não sei, ao certo, que haverá a esperar do seu encontro. Mas o X em que agora estão representadas é um símbolo das encruzilhadas de Deus.
Sonho premonitório...
ResponderEliminarAbraço
aliás, Pedro Martins:
ResponderEliminarMuito provavelmente, meu caro Renato...
Um abraço
PM