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Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



segunda-feira, 10 de maio de 2010

AFORISMOS, 32

Eduardo Aroso

126 - Nem «orgulhosamente sós» nem ilusoriamente acompanhados. É certo que descobrimo-nos na relação. Porém, antes de estar com os outros, devemos passar em (e ser) nós próprios.
127 - Pode dizer-se que Portugal nem morreu definitivamente, nem vive no sentido de uma existência plena de acordo ao ideal ou missão para que foi fundado. Portugal está em agonia, num combate entre forças de regeneração e forças de desagregação, o que tem tornado mais nítida a fronteira entre o pujante e do decrépito. Agonia, como se sabe, é purificação. Que melhor átrio para a iniciação espiritual de uma pátria?
128 – Se, como diz a ciência, a totalidade do nosso património genético está em cada célula individual, nada custa aceitar – como, aliás, José Marinho o disse – que o presente contém todo o passado. No concreto facilmente constatamos que a actualidade da ciência reúne todas as descobertas passadas, mas que, por exemplo, na sociologia e na psicologia surge a dificuldade do entendimento da complexidade do relacionamento humano. Na política, porém, levanta-se sério problema na “arte de governar”: é que o presente parece não conter todas as experiências idas, ao invés, por exemplo, da eficácia da medicina contemporânea que, através dos tempos, recolheu todos os avanços da arte e da ciência de curar. Assim, a actividade política mais nos lembra um estranho recomeçar, como se estagiários, depois do tirocínio, dessem rotativamente lugar a outros, num processo em que nunca há ninguém efectivo ao serviço!

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