segunda-feira, 2 de março de 2009
PALAVRAS QUE FAZEM VER, 4
[Álvaro Ribeiro, António Telmo e a poesia lírica]
Mitos. "De certo, como adverte António Telmo em seu ensaio sobre Arte Poética, nem todo o lirismo se limita ao registo passivo e rítmico dos acontecimentos psíquicos que afectam os adolescentes. A poesia vale na medida em que seja uma arte ou técnica de invenção, ficção e mitologia. Embora para as pessoas medianamente cultas não seja difícil entender que na poesia épica como também na poesia dramática, o que avulta necessariamente é a verdade ou a ficção da mitologia, porque a exemplificação da doutrina é o conteúdo da história da literatura, já parece mais difícil manter a afirmação no que respeita à poesia lírica.
António Telmo mostra e demonstra que no lirismo superior o poeta desprende-se da sua sensitividade pessoal porque tem presente na imaginação, ou imagina e finge ser uma personalidade superior. O poeta contrasta com o seu mito. Compete ao intérprete ou hermeneuta determinar qual seja esse mito entre os mitónimos possíveis, embora se reconheça que os mitos mais frequentes sejam os clássicos Narciso, Orfeu e Prometeu."
Álvaro Ribeiro
(in "Progresso e Tradição", Dispersos e Inéditos, III, INCM, 2005)
Mitos. "De certo, como adverte António Telmo em seu ensaio sobre Arte Poética, nem todo o lirismo se limita ao registo passivo e rítmico dos acontecimentos psíquicos que afectam os adolescentes. A poesia vale na medida em que seja uma arte ou técnica de invenção, ficção e mitologia. Embora para as pessoas medianamente cultas não seja difícil entender que na poesia épica como também na poesia dramática, o que avulta necessariamente é a verdade ou a ficção da mitologia, porque a exemplificação da doutrina é o conteúdo da história da literatura, já parece mais difícil manter a afirmação no que respeita à poesia lírica.
António Telmo mostra e demonstra que no lirismo superior o poeta desprende-se da sua sensitividade pessoal porque tem presente na imaginação, ou imagina e finge ser uma personalidade superior. O poeta contrasta com o seu mito. Compete ao intérprete ou hermeneuta determinar qual seja esse mito entre os mitónimos possíveis, embora se reconheça que os mitos mais frequentes sejam os clássicos Narciso, Orfeu e Prometeu."
Álvaro Ribeiro
(in "Progresso e Tradição", Dispersos e Inéditos, III, INCM, 2005)
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