(os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores)

Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

AFORISMOS, 5

Eduardo Aroso

21 - Novas gerações – pássaros que devem ter mais duas asas.
22 - Os que repartem a noite entre o perfume do descanso e as raízes maceradas da dor, escutam nitidamente o primeiro cantar do galo.
23 - Na pátria coexistem vários níveis de ser, estratos diversos, tempos sobre tempos. Todavia, o seu mais alto sentido de realização radica, na sua flor mais pura, na montanha mais elevada, no ponto mais imaterial. Aí concebemos a Ilha dos Amores, a Ilha Universal que, realizando o melhor de cada habitante e dando a todos o melhor de si, deixa de ser ilha para se tornar no paraíso sem isolamento.
24 - O sapato perfeitamente ajustado ao pé. Eis o sentido do nome profético Bandarra. Temos andado com sucessivos e longos desajustes ao nosso pé, leia-se forma de vida do ser e da nação, e, assim sendo, Bandarra continuará a ser ideal de perfeição nacional.
25 - «Guardado está o bocado para quem o há-de comer». A sabedoria popular-tradicional opõe-se às políticas actuais. O paradoxo surge pela mão de quem devendo culturalmente alimentar e tornar consciente esse conhecimento estratificado da madre experiência ao longo dos tempos, governa não só ignorando o facto, como lhe impõe, tantas vezes, uma espécie de contranatura que põe a nu a ineficácia de acções falhadas. O «guardado está o bocado para quem o há-de comer» é comido de imediato por quem o deveria distribuir, ficando o caldo de ervas amargas, cuja amargura parece não ser suficiente para questionar que pão é que andamos a comer.

2 comentários: