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domingo, 25 de julho de 2010

ANOTAÇÕES PESSOAIS, 43

António Carlos Carvalho

Paul Celan

Enquanto muitos estão já de férias ou se preparam para isso, nesta «época pateta» em que supostamente não se passa nada de importante (ideia feita desmentida todos os dias pelos noticiários), eu estou afogado em trabalho e preocupações, restando-me muito pouco tempo livre para escrever aqui ou sequer para ler. Enfim, a cada um segundo as suas obrigações e disponibilidades…
Apesar desse constrangimento, tropecei agora nesta frase de Paul Celan, proferida em 1960 -- mas ainda mais actual nestes dias agitados de hoje: «Quem anda de cabeça para baixo tem o céu por abismo debaixo de si».
Não será este o nosso retrato perfeito…?
Celan, que sofreu a fatal atracção de um outro abismo, o das águas, deixou-nos igualmente este desabafo numa carta do mesmo ano:
«Vivemos sob céus sombrios e …existem poucos seres humanos. Talvez por isso existam também tão poucos poemas. As esperanças que ainda me restam não são grandes; tento conservar aquilo que me restou.»
E nós, o que fazemos agora…?

1 comentário:

  1. Caro António Carlos Carvalho,

    Nesta «época pateta» (que me faz lembrar o Tolo de Pascoaes)a sua Anotação Pessoal (43), enfatizando a frase de Celan, teve algum eco em mim. Desta maneira, o Pedro Martins fará o favor de publicar umas simples Variações Poéticas sobre a frase em questão, e que a si dedico, pois se não fosse esse seu curto mas incisivo escrito, elas não teriam surgido.

    Um abraço

    Eduardo Aroso

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