
O Preto e Branco
O preto e o branco sossegam o coração pelo excesso. Com o preto e o branco tudo está excessivamente nos seus devidos lugares. Produzem uma espécie de paralisação no espaço. E procuram dizer que é possível o movimento mesmo no estático. O preto e o branco induzem, deste modo, a certeza da vida para além da morte estática, aparente. Por outro lado, o contraste repõe a verdade no caos das cores. O preto e o branco possuem o excesso de zelo das nossas convenções. Desde modo, de uma forma inconsciente, ridiculariza as convenções. Há sentido de humor no preto e branco. Uma gargalhada da própria essência que está sempre para lá de qualquer dualismo. É por causa dessa apreensão que o coração sossega. Mas depressa se cansa do sossego e procura a cor. Há a cor e há o a preto e branco. E há fases na vida de um artista como se este fosse regido pela lua. Uma lua estranhamente a preto e branco.
aliás Eduardo Aroso:
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A possibilidade que a Cynthia refere de «paralisação no espaço» e «movimento
no estático» é aquilo por que, noutra perspectiva, podemos encarar,
respectivamente (e simbolicamente) o preto e o branco: o não-manifestado e o
plenamente manifestado. Por exemplo, a relação desde sempre do preto (negro)
ao caos e à noite, diz-nos em verdade da estranha natureza do preto que é o
princípio de TODAS AS POSSIBILIDADES DE MANIFESTAÇÃO; MAL E BEM são
possíveis, indistintamente. O branco possui dois sentidos bem diversos, mas
que se podem consubstanciar num: o branco da ingenuidade infantil e o branco
da pureza virtuosa do santo. Mas ambos são a evidência, o manifestado, são
luz no caminho…
«Com o preto e o branco tudo está excessivamente nos seus devidos lugares».
O que refere no seu artigo, e bem, é uma potencialidade de equilíbrio, ainda
que em excesso, a que neste caso poderíamos chamar COM INTENSIDADE, portanto
o preto e o branco intensamente (não desorganizadamente) equilibrados. Ora,
esta perspectiva é muito interessante se meditada.
Obrigado pelo seu artigo
Eduardo Aroso