
CANTO DE AMOR NO MAR
A tarde é o teu berço de criança.
A dar-te rendas fez-se o mar de espuma
E o Céu, como um docel, tecido a bruma,
Prende-se em cima ao Arco da Aliança.
Vê com que jeito o vento te balança
E d'aragens salinas te perfuma;
Conta-me agora as mágoas uma a uma,
Como se eu fora tua Mãe, descansa...
Não vês?... o nosso barco mal balouça:
Deita-te e vamos para o largo à vela,
Onde ninguém nos veja, nem nos ouça.
Conta as mágoas na mágoa da Tardinha.
Oh! Mar, arrenda a espuma, tem cautela...
Óh! Vento, embala-me esta criancinha!...
Jaime Cortesão
É significativa a carta de Pessoa a Jaime Cortesão sobre a poesia deste último. A sua sensibilidade ajuda a compreender o seu fecundo labor histórico.
ResponderEliminarEduardo Aroso