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segunda-feira, 22 de março de 2010

AFORISMOS, 25

Eduardo Aroso

105 – O sentido que tem sido atribuído à expressão «flor da idade» - muito servindo à publicidade feita com a juventude, de um modo particular com a figura da mulher – foi exaltado também pelo paradigma de produção e rentabilidade laboral de economias marxistas, seja o Marx do séc. XIX, ou o do XX. Se há anos da vida que são vistos como «flor da idade», os mais fascinantes, estimulantes e “produtivos”, não se pode deixar de pensar no melhor do ser humano: «o fruto da idade». Fruto também como derradeira obra; árvore antiga cuja sombra, copa ou aura na canícula nos infunde um outro respirar de vida; verde que, ao invés de gasto, tem a patine da madurez, porte de fantasma benigno que nos impressiona e quantas vezes faz rejuvenescer de espanto!
106 – Seja qual for o campo, a vida em Portugal tem-se tornado insuportável. Se quem muito ama muito suporta, em interior aceitação, há ainda verdadeiros portugueses que estoicamente vão fazendo do chão, não tanto a antecipação da sepultura, mas uma espécie de amargo roteiro, a sua dolorosa via-sacra. Com mais ou menos fatalismo podemos entender a situação. O que se estranha é que quem não ama Portugal ainda consiga aqui viver, sentindo-se feliz e realizado.
107 – O rei vai nu, ou a república vai nua?

3 comentários:

  1. aliás Pedro Martins:

    Caro Eduardo Aroso,

    Enviei-lhe há pouco uma mensagem electrónica, mas veio devolvida.

    Um abraço
    PM

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  2. O seu trabalho é um sinal positivo de esperança.

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  3. Pior que nua - há alguma virtude na nudez -, vai rota, mas disfarça a miséria com tintas daquele luxo falso que é a alegria dos servos e dos sem esperança.

    Abraço lusitano!

    P. S. Destaque n'O Bar.

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