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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

EXTRAVAGÂNCIAS, 121



Cynthia Guimarães Taveira

Não és a sorte, nem o azar
És os dois sempre a disfarçar
Todos os teus sinais
São sinais de outros sinais
O tu e eu não são fiéis
O nós e o nós são outros tantos
És a preguiça do saber exacto
E contas palavras erradas
Para saberes os sonhos certos
Passas pela terra e a terra por ti
Num cruzamento de encruzilhadas
Cada afirmação tua é uma dúvida
Cada pergunta uma certeza
Entregas-te sem que lá estejas
Pois a demanda nunca reside onde estás
És um tempo e um espaço baralhados
E podes ser um relato às avessas
Desdobras-te em sacrilégios e devoções
Em impulsos e seduções
És a vertigem no equilíbrio
E o equilíbrio na vertigem
És uma mão desconhecida que se estende
E ergues as almas paradas ao movimento
Não oprimes pois não tens tempo
Os teus olhos estão fixos mas não és morte
És vida em cheio que nos atinge
Para além do azar, para além da sorte
O teu nome é ser viagem.

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