(os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores)

Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



quarta-feira, 27 de maio de 2009

NO CORAÇÃO DA ARTE, 5

Cynthia Guimarães Taveira



O Sonho
Deitou-se e sonhou. Sonhou com o azul. Azul nas águas agitadas, azul no céu do crepúsculo. Sonhou com a cor misturada noutras cores. Nessa água volteavam rosas e cores de salmão, dourados e pratas pareciam querer saltar e ofuscar o olhar. E esse céu do crepúsculo deixava apenas adivinhar a bola de fogo escondida. Nesse azul vivia o lilás, o laranja, o amarelo-fogo, o verde a fugir. E a onda do mar estava de frente para ele. Se o engolisse não se importaria. A noite passou. Acordou. E, dirigiu-se ainda meio adormecido, cambaleando com o sono, para o atelier. À sua frente estava uma tela feita de azuis marinhos e crepusculares. Não sonhara. Era verdade. Nunca abandonara o real. Pelo menos o seu real. Qual era a sua verdadeira vida? Perguntou-se. A do sonho ou a outra? Haveria diferença? Teria sido ele que nunca abandonara a tela ou teria sido a tela que nunca o tinha abandonado a ele? Onde começava a sua obra e acabava ele? Perdera-se. Perdera a consciência de si. Porque ele era grande e infinito como o mar e como o céu, e o mar e o céu, suficientemente finitos para caberem nele. Já não havia diferença. Já não fazia diferença. Será Deus assim com a sua criação?

Na imagem: Onda (Vaga), de António Carneiro (1872-1930)

1 comentário:

  1. Estou fazendo uma campanha de doações para meu projeto da minibiblioteca comunitária e outras atividade para crianças e adolescentes na minha comunidade carente aqui no Rio de Janeiro,preciso da ajuda de todas as pessoas de bom coração,pode doar de 5,00 a 20,00.Doações no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3 Que DEUS abençõe todos nos.Meu e-mail asilvareis10@gmail.com

    ResponderEliminar