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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

AFORISMOS, 21

Eduardo Aroso

93 – «O universal é o local sem paredes» - Miguel Torga. A afirmação do poeta devia ser encarada com entusiasmo pelo pensamento português. Na verdade ontológica portuguesa que encerra, levanta, hoje, uma essencial e aguda questão: a de saber se é possível haver realização (expansão) do local num mundo que tende para o igualitarismo. A afirmação do poeta (trans) montano, ao mesmo tempo que deve ser bandeira de portugalidade, constitui também urgente sinal de aviso para a desatenção nas auto-estradas do nosso pensar e viver.
94 – Viriato - Viril – Viseu: três palavras cujo som parece ser ditado pela mesma alma. Granito – Grave – Gravar: uma inscrição natural na (da) paisagem. Roca – Rota – Rosa: um leme visível, partindo de um cabo, torna-se oculto no caminho do céu. E, já sem palavras, lemos: Portugal, conhece-te a ti mesmo!
95 – Se nos debruçarmos sobre o curto mas precioso texto de Almada Negreiros, por demais conhecido, em que se pede a uma criança para desenhar uma flor, dando-lhe papel e lápis, e quando depois de ela rabiscar leve e carregando o traço, de cima para baixo e de baixo para cima, por fim a vai mostrar às pessoas que não a acham nada parecida com uma flor, também a leitura da História de Portugal, no seu todo e de alguns episódios em particular, deixa baralhados muitos os que a pretendem interpretar sob o ponto de vista reinante, embora forjado numa república de alunos formados em Auguste Comte e depois em António Sérgio, e que ficaram incomodados com Camões, só porque no liceu os obrigaram a dividir as orações de certas passagens de Os Lusíadas!

1 comentário:

  1. Gostei muito que truxesse aqui o meu poeta de eleição, Miguel Torga e o tema abordado. Obrigada

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