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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A PONTA DO VÉU, 6

Messianismo. E profetismo. Duas das coordenadas que assinalam o ensaio de filosofia da história com que, no primeiro número dos Cadernos, Pedro Paquim da Fonseca Ribeiro se irá estrear em letra de forma, assinando com o pseudónimo de Fuas Paquim. Para o Preâmbulo de um Estatuto Senatorial, de que adiantamos um excerto, encerra uma proposta porventura ousada (mas onde há pensamento sem audácia?) pela peculiar visão que nos oferece do princípio aristocrático, mormente na sua articulação com o princípio democrático.
Pedro Paquim da Fonseca Ribeiro nasceu em Lisboa em 1979. Frequentou o Curso de Matemática e algumas cadeiras dos Cursos de Filosofia e Cultura Clássica, mas acabou por enveredar pelo Direito, tendo-se licenciado pela Faculdade de Direito de Lisboa em 2005. Encontra-se a exercer advocacia na capital.
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PARA O PREÂMBULO DE UM ESTATUTO SENATORIAL
Bellum sine Bello
Os senadores são mestres espirituais do sentir pátrio, os representantes da vontade ideal do país.
Não lidam com a política económica e social do país, embora sejam os garantes últimos dos valores da liberdade, fidelidade e fortaleza. Cabe à soberania popular a regulação daqueles domínios através das suas instâncias democráticas.
Ao senado compete prover ao ânimo do país e levar a cabo a sua missão profética, tal como ficou delineada em aberto pelas acções dos heróis, pelos cantos dos poetas e pelas cogitações dos filósofos portugueses – caberá ao senado o fecho dessas profecias, ou melhor, o comando dessa tarefa, já que é o povo, no seu todo, o autor e concretizador das mesmas.
Na verdade a missão de Portugal traduz-se numa vocação ao poderio mundial. Não no sentido de um poder de hetero-determinação mecânica sobre os outros países, mas antes no sentido de uma autoridade, moral e, sobretudo, filosófica, ou duma paternidade, tão espiritual quão natural, a ser exercida sobre o mundo de forma a torná-lo ordenado e feliz.
Vai terminando o ciclo histórico da globalização, tendo cada país adquirido consciência da sua situação no globo, estabelecendo relações com todos os outros. Porém, como qualquer ciclo, a globalização desenvolveu-se no sentido da materialização: cumprindo o seu destino de interconectar o mundo, a globalização foi, ao mesmo tempo, dividindo o mundo e dissolvendo as estruturas tradicionais que se lhe opuseram. Hoje o mundo está ciente dos perigos vindos desta materialização excessiva, que ameaçam o bem-estar, a convivência e a paz mundiais, havendo uma sensação de iminente desencadear das forças do caos e da confusão, sem que se consiga fazer-lhes frente, dada a complexidade e a fragmentação existentes.
(...)
Fuas Paquim

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