Arco-Íris
Pintou um arco-íris e não escorregou por ele. Foi o arco-íris que por ele escorregou. E assim foi com toda a obra. Entraram por ele a dentro as sombras e luzes do amanhã e tornou-se profeta sem que o soubesse ou que alguém soubesse. Entraram por ele ninfas nuas girando na água. Rodopiou com elas e abrasou-se nos seus braços. E veio a cidade inteira, com esquinas de surpresas, labirintos encontrados e rios espreitando ao fundo. Caminhou por ele grave e altiva, encrostando-se nas suas mãos e esvaindo-se em tinta. Estremecia a cada janela que se abriu e espantava-se com as pessoas que por ele passavam. A tela era apenas um espelho do espelho que ele era. E vibrava de luz a cada carícia suave dada pelo pincel.
Sem comentários:
Enviar um comentário