
«Quem anda de cabeça para baixo
tem o céu por abismo debaixo de si».
Ao António Carlos Carvalho
Na torpe posição
Do pensante que se inverte,
Até mesmo o coração
Não tem o lugar que lhe compete.
E o progresso vai jogando
Ao Carnaval desta maneira;
E nem sequer enxerga
O abismo ali à beira.
Haverá estrelas belas
No sujo e pesado chão?
Ou serão clarões do inferno
Que se contemplam de ilusão?!
Lentos, deixámo-nos cair;
Ficou baço o nosso olhar.
Mas o céu ainda nos espera
Anjos no mais doce cantar.
De cabeça para baixo
Andamos todos nós.
Seja a alma para cima;
Tenha um leve fio de voz.
26-07-2010
Obrigado, Eduardo Aroso -- em nome do Paul Celan, digamos assim, que toda a vida se queixou de andar por aí a falar sozinho, sem praticamente ninguém que o entendesse. Mas talvez agora, nesta inversão de tudo, seja possível que alguns de nós encontrem um eco na sua voz poética. Um abraço
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