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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O OUTONO, 4

[de Verbo Escuro, no 132.º aniversário de Teixeira de Pascoaes, dia de Finados]

V. O outono é belo, porque nos provoca uma fuga da alma sobre as cousas, isto é, sobre o Passado. E o homem adora tudo o que o afasta de si mesmo. Ele gosta de se contemplar, através da Saudade –, essa distância espiritual, que dá perspectiva eterna ao seu frágil ser transitório.
VI. Ah, se a morte fosse a infinita lembrança da Vida?!
Não será o Reino da Saudade o espaço misterioso, que medeia entre esta vida e o Além? E a dor que deixamos, nos outros, ao partir, não irá formar o corpo do nosso espectro? a luz da sua consciência e dos seus olhos?
Ai dos mortos esquecidos! São apenas esqueletos…
VII. O outono é belo para o homem, porque ele já foi árvore, e recorda ainda a delícia do adormecer, quando a seiva pára arrefecida, e a sensação do mundo externo, tomba, com as folhas, das ramagens.

Teixeira de Pascoaes

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