(os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores)

Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

EXTRAVAGÂNCIAS, 114


Caravela
Cynthia Guimarães Taveira

Foi a caravela
Que tudo viu
Seus olhos de proa
Foram quem tudo sentiu
De braços erguidos
Em jeito de velas
Furou ventos, marés
Ouviu os sentinelas
Foi a caravela quem sentiu o frio
Sua madeira tosca
Rangendo nos passos do mar
Ergueu-se acima da onda
Voou, deixando a espuma a dançar
Foi a caravela a esperar
Pelos homens de braços cheios
Vindos de longe para embarcar
Foi ela quem contou
Os sóis dos dias
As estrelas, as gotas de mar
Foi ela quem soube
De melhor porto para orar
E quem conheceu os homens
Pelo seu cantar
Foi ela quem nos disse
Onde podíamos amar
E trocou o nosso coração vivo e quente
Por si mesma, no seu lugar

Sem comentários:

Enviar um comentário