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Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



domingo, 10 de maio de 2009

9 DE MAIO, ENTRE SESIMBRA E LISBOA: UMA PONTE SOBRE AS DUAS MARGENS

António Telmo, Maria José Albuquerque, Pedro Sinde e Alexandre Gabriel, durante a apresentação de Congeminações de um Neopitagórico, ontem, na Biblioteca Municipal de Sesimbra. A fotografia é de João Aldeia.
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Singular. É algo que se pode dizer da notável intervenção de Pedro Sinde, durante a apresentação de Congeminações de um Neopitagórico, de António Telmo, livro ontem lançado na Biblioteca Municipal de Sesimbra (BMS), com a chancela da Zéfiro. “Há uma luz que sinto nos livros de António Telmo, e que também encontro noutros autores, como Álvaro Ribeiro ou Ibn’Arabî”, afirmou, na ocasião, o autor d’O Canto dos Seres. E por quê? – perguntará o leitor… Talvez a resposta esteja no modo como Pedro Sinde estruturou a sua alocução, pois, ao definir quatro tópicos como pistas de leitura, o apresentador procurou oferecer quatro chaves propícias à compreensão da vertente operativa da obra de António Telmo. Fê-lo como quem vira um livro do avesso, desocultando os segredos com que o seu autor logra encantar os leitores, a saber:

a) Trocando-lhe as voltas;
b) Relatando-lhe o maravilhoso;
c) Apresentando-lhe ideias desconcertantes;
d) Chamando-lhe a atenção para o evidente.

Antes de Pedro Sinde, usara da palavra o responsável da Zéfiro, Alexandre Gabriel, regozijando-se com a possibilidade de poder incluir no catálogo da editora que dirige obras de um autor como António Telmo. Este último falou por fim, e brevemente, com o seu proverbial humor irónico dirigido ao darwinismo.
Mas a sessão, presidida pela responsável pela BMS, Dr.ª Maria José Albuquerque, havia começado com o lançamento do terceiro número da revista Nova Águia, dedicado a’O legado de Agostinho da Silva, quinze anos após a sua morte. A este propósito, Pedro Martins, além de recordar as afinidades existentes entre António Telmo e Agostinho da Silva, dois nomes grandes da Escola Portuense ontem celebrados em Sesimbra, lembrou também a intensa relação que, em diferentes épocas da sua vida, o autor de Um Fernando Pessoa manteve com a Piscosa, bem vincada em traços de generosidade que, na actualidade, não deixam de encontrar forte ressonância no projecto da Nova Águia, que considerou ser uma “federação” de vozes diferentes, mas afins. Renato Epifânio, por sua vez, fez um balanço, em jeito de historial, do primeiro ano da revista – a apresentação de ontem, que contou também com a participação de Carminda Proença, foi já a centésima primeira em menos de um ano – e apresentou as linhas gerais deste terceiro número, dando ainda a conhecer as restantes vertentes da Nova Águia (blogue e colecção de livros) e inscrevendo a vocação lusófona do projecto no ideário agostiniano.

De alguma sorte, e mau grado o trânsito intenso que, na margem sul do Tejo, quase sitiou a capital, a jornada haveria de prosseguir, horas depois, em Lisboa, no Auditório Central da Feira do Livro, que acolheu a apresentação conjunta do terceiro número da Nova Águia, do primeiro número dos Cadernos de Filosofia Extravagante e da Filosofia do Ritmo Portuguesa, de Rodrigo Sobral Cunha. A sala estava composta e o debate foi aceso.

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