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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

REENTRAR NA «CATEDRAL», 5

Jogo
Isabel Xavier

Amo tudo aquilo que se assemelha ao jogo
Como olhar que com olhar se cruza
Vencida distância que se consome em fogo
Chave de porta que não se abrindo, se usa.

Amo a distância que de ti me separa
E não me deixa em mim senão sonhar-te
Amo a saudade de um tempo que pára
À força de não te tendo, amar-te.

Amo a ausência de algo que me falta
Como se me fosse essa a razão da vida
Amo o momento que passando tarda
Como tardando na tarde a despedida.

Amo a impossibilidade, o sentimento
Que vagueia entre o ser e o existir
Lugar cativo que consome o tempo
Cansaço de tudo, vontade de partir.

Amo de um céu com nuvens a altura
Que a elas me impede de chegar
Medo constante, alegria pura
Ou só a certeza de o amor se amar.

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