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Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

PALAVRAS DE LEONARDO, 1



“O lirismo é a dignificação e a exaltação do indivíduo. O lirismo procura o verdadeiro, o original sentido de cada alma. O poeta lírico, que, para interpretar as almas, começa pelo que elas apresentam de mais imediatamente concreto, achará no indivíduo o amor que o une ao ente amado. E com esse amor ele o pode enredar e prender à família, à humanidade, ao Universo inteiro.
Originariamente individualista, o lirismo pode levar o homem, de entusiasmo em entusiasmo, a sentir-se bem mais concreto e real na universal sociedade dos seres do que encerrado nos seus sentimentos, que, isolados em si, perderiam a cor, o significado e a vida. Na obra de Camões temos a alma lusitana. Reencontraremos a nossa alma enquanto os nossos olhos souberem chorar de sofrimento e os nossos braços se souberem erguer em resgate. Nessas virtudes antigas devemos ir buscar a força para a obra de hoje. Ela não será um futuro de novas descobertas ou conquistas guerreiras. Mas aquela audácia mística que nos fez ir procurar os mundos desconhecidos empreguemo-la na descoberta dos ignorados mundos da nova justiça, mais humana, mais inquieta e mais amorosa. Aquela coragem e aquela lealdade bem precisas nos são para a obra de perfectibilidade moral e social que a consciência nos exige.”

Leonardo Coimbra in Dispersos, I. Poesia Portuguesa, Editorial Verbo, 1984, pág.206

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