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terça-feira, 27 de julho de 2010

EXTRAVAGÂNCIAS, 73

Variações sobre um tema de Paul Celan
«Quem anda de cabeça para baixo
tem o céu por abismo debaixo de si».
Eduardo Aroso

Ao António Carlos Carvalho

Na torpe posição
Do pensante que se inverte,
Até mesmo o coração
Não tem o lugar que lhe compete.

E o progresso vai jogando
Ao Carnaval desta maneira;
E nem sequer enxerga
O abismo ali à beira.

Haverá estrelas belas
No sujo e pesado chão?
Ou serão clarões do inferno
Que se contemplam de ilusão?!

Lentos, deixámo-nos cair;
Ficou baço o nosso olhar.
Mas o céu ainda nos espera
Anjos no mais doce cantar.

De cabeça para baixo
Andamos todos nós.
Seja a alma para cima;
Tenha um leve fio de voz.

26-07-2010

1 comentário:

  1. Obrigado, Eduardo Aroso -- em nome do Paul Celan, digamos assim, que toda a vida se queixou de andar por aí a falar sozinho, sem praticamente ninguém que o entendesse. Mas talvez agora, nesta inversão de tudo, seja possível que alguns de nós encontrem um eco na sua voz poética. Um abraço

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