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Leia aqui a homenagem da Fundação António Quadros a António Telmo.



quarta-feira, 14 de julho de 2010

NO 87.º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DE ANTÓNIO QUADROS



"Num ambiente social de poetas líricos, senão em valor absoluto, pelo menos com o valor da quantidade, raros são os que amadoreceram a noção do inconsciente individual e que assumiram toda a riqueza substancial e quase infinita do seu conteúdo, já na exegese, já na própria expressão poética. Ainda há quem explique o conceito de poesia pelo conceito de mistério, assim lhe conferindo abusivamente o carácter de uma religião: e não apenas de uma religião, de uma religião de dogma, cujo ritual se fundamentasse, não numa filosofia teológica, mas numa teologia dogmática onde o valor de mistério não pudesse, sequer, se posto em causa. [...] Confortado no seu apressado e espontâneo labor pela convicção do dito mistério, eis que o jovem poeta se põe a cantar, isto é, a falar uma linguagem de rimas, de metros, de palavras incomuns, de imagens alegóricas. Alimenta ele a convicção de que será visitado, misteriosamente, pelo génio poético, pelo génio da invenção, por esse génio subtil e invisível que, misteriosamente, assistiria cada poeta. [pelo contrário] o grande poeta é um homem que assume sobre si a representação de um desiquilibrio psíquico em relação aos outros homens. [...] Em verdade, em sua poética, ele procura comportar-se como inconsciente, na convicção que nos dará assim uma imagem, senão mais lógica e sensata, pelo menos mais verdadeira do mundo. Uma vez entrado nesta zona, que é a zona legítima da invenção, da partogénese criadora, o poeta pode comportar-se de duas formas: ou consciencializar e racionalizar, numa segunda instância todos os seus inconscientes e irracionais [...] ou abandonar-se inteiramente ao delírio do conhecimento inconsciente, relegando para um plano inferior o funcionamento racional. [...]"

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