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domingo, 18 de julho de 2010

EXTRAVAGÂNCIAS, 72




Heresia
Isabel Xavier

Herético
O braço que se ergue
A mão que se abre
Herética
A pele à flor da pele
O silêncio que brotou.
Herético e feliz
O pão e o mel
A boca a que sabe
A que o provou.

Herética
A luz do sol a amanhecer
O dia que finda
A noite a acontecer
Heréticos
Os montes e vales percorridos
A plena certeza dos sentidos.
Herético e feliz
O corpo saciado
À beira - vida abandonado
Herético
O lugar onde morre a heresia
E quem do amor fez liturgia.

2 comentários:

  1. Basta dizer que é um poema muito feliz como
    «O pão e o mel
    A boca a que sabe
    A que o provou».

    Eduardo Aroso

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  2. Como disse Jorge Luís Borges no início de um poema seu:

    "Cometi o pior desses pecados
    Que podem cometer-se. Não fui sendo
    Feliz. (...)"

    E, no mesmo poema, mais adiante, falando dos pais:

    "Defraudei-os. Não fui feliz. Cumprida
    Não foi sua vontade. (...)"

    - Isabel Xavier -

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