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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NO CORAÇÃO DA ARTE, 17

Cynthia Guimarães Taveira
Tríptico d'A Vida - Esperança, Amor, Saudade, de António Carneiro: clique na imagem para a aumentar

O Símbolo
O símbolo submete o pintor à sua vontade. Prende-lhe os gestos, os movimentos, mas obriga-o a olhar para além da imagem. Procura o sentido da forma: do cálice, da ave, do céu, da noite. Procura em seguida conjugar sentidos, semânticas visuais. Nada pode falhar com o símbolo. Ele é preciso, exigente, rigoroso. Quando escolhe símbolos, esse pintor procura não mentir, não falhar. É mais escritor do que pintor, nessas alturas em que a pintura de um pôr-do-sol não tem de estar perfeita mas sim o seu sentido. Ajoelha-se perante as palavras encerradas no símbolo e procura mais longe: o seu âmago, a sua raiz, o que esconde quando revela. Sim, somos demasiado humanos para o símbolo e para saber a matéria de que é feito, qual a ideia que, concentrada, pulsa no seu interior. Talvez este simbolizar permanente seja apenas a casca, dura, impermeável, inflexível e, por isso mesmo, a quebrar, a destruir, a renunciar, para que se faça luz enfim. Talvez esses símbolos pintados não passem de fronteiras para outro mundo, inúteis em si mesmos, mas importantes no momento em que desaparecem no horizonte.

1 comentário:

  1. NOITE SIMBÓLICA

    A Noite é um símbolo. O símbolo nocturno que descasca ao pintor a simbologia de uma cor que prove ao pintor que a Humanidade é feita de circunstâncias, onde as fronteiras dos seus gestos planetários de produzir cores, são horizontes que cada homem encontra em cada olhar que os olha, no ritmo do seu tempo, onde se move a nudez que é o símbolo da pureza que é nocturna. O símbolo é a Noite que o pintor não pinta porque não sabe chorar as cores que revelam à luz da claridade, a noite que o assusta por não ser o Homem que é o símbolo da Humanidade. E será o Homem, humano? Ou é, apenas, as cores dos corpos que o pintor pinta e que o simbolizam como a Arte do desconhecido? Serão as cores símbolos de sentimentos ou serão simples sinais dos joelhos que se ajoelham perante a beleza dos símbolos que escondem cada encanto que a Terra oferece aos quadros simbólicos das cores inexpressivas? A Terra é um dos símbolos do Universo. Será que o pintor é um universo em cada cor que despe? Será que a nudez, a Terra e o Universo são todos símbolos do mesmo símbolo que é esta força colorida de ser vida, mesmo sabendo que a noite é o símbolo da Morte? Eu sei que sou um símbolo de vida no silêncio da Noite simbólica. E as cores nocturnas, serão vidas de símbolos que pintam pintores com a Humanidade da nudez que simboliza a morte da Noite? Nu como a noite, símbolo da cor que ninguém pinta.


    Jorge Brasil Mesquita

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