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segunda-feira, 23 de julho de 2012

EXTRAVAGÂNCIAS II, 6


A Dama
(dedicado aos homens que escutam...)

Cynthia Guimarães Taveira

O Amor da Dama é:

Incondicional

Atravessa os círculos dos mundos

Atravessa-os só para vir ter connosco

Nada mais lhe interessa

A não ser possuir-nos

Totalmente

Ela lê-nos, sabe-nos, conhece-nos até à raiz

Embala-nos, submete-nos, mata-nos

Dá-nos vida

Fragmenta-nos e enche esses fragmentos da sua

Própria substância

Une o seu coração ao nosso

Bate ao mesmo ritmo

É o mesmo coração por instantes

A Dama é:

Quem nos acolhe, nos escolhe, nos vigia

Nos cerca em becos sem saída

Nos fala pelas pessoas, atravessando-as

Ela é quem nos condena a um estranho exílio

Do mundo, das coisas, das pessoas,

Exílio de nós mesmos

Ela é quem nos tirou Tudo

E nos deu Tudo

O seu Amor é

Transbordante

Totalizante

Próximo

Forte

Sereno

Nunca nos deixa sós

E deixa-nos para sempre solitários

A Virgem deixa-nos

Num deserto em expectativa

Suspensos

Indefinidos

Prováveis constantemente

E aparece-nos em pequenos gestos

O Amor que deixa

Espalha-se através de nós

Nos outros seres.

Ela é o verdadeiro pó de projecção

Pó cósmico pairando a cada respirar

Ela gera Irmãos quando faz os seus filhos morrer

Ela é a Vida

A culpa e a redenção

O sorriso final

Que nunca morre

A nossa eternidade possível

A reunião de todos os sonhos

Tomados num cálice

A semente do início

Potência das potências

Ela a grande surpresa

Na noite

Na Verdadeira Noite

Ela forma o Dia no seu ventre

Ela dá-nos o sonho de um dia ver o Dia.

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