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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

EXTRAVAGÂNCIAS, 113



APOCALIPSE DE URGÊNCIA
Eduardo Aroso

Ao Pedro Martins

Eis que se fazem outras as mesmas coisas
Onde do lume da terra já são as bocas
Puras renascidas na palavra do Espírito Santo.
Das águas do presente sem memória
Há frescura subindo como as manhãs
Às estrelas mais altas irradiando.
Eis a mão de Deus no afago
Da tarde dourada nunca vista
Para o silêncio das nocturnas sinfonias
Onde nascem flores no pântano da solidão.

Crianças de sorriso cintilante,
Ó anjos intocáveis,
Bússolas de todo o dia,
Delas ninguém se distrai.
Eis que se fazem outras as mesmas interrogações
Na inquietação do tempo equidistante
E a chuva ácida quando cai
Traz o mel das constelações.

Meu berço sem hiatos,
Nave de todas as horas,
Fénix de todas as provações,
Sou o simples vento dos prados,
Boca límpida de todas as orações.
Plantarei uma espada como árvore
Virada à alma dos homens
Que se venderam e vendaram nesta geração,
Para que sintam definitivamente o verde
E os actos subindo, talo fresco de bondade,
E a graça virgem ansiada das águas
Do primeiro dia da Criação
Ainda vindouro para a verdade.

3-11-2010

1 comentário:

  1. aliás Pedro Martins:

    Já agradeci em privado ao Eduardo Aroso a dedicatória deste belíssimo poema. Faço-o agora aqui.

    PM

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