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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

AFORISMOS, 12

Eduardo Aroso

56 – Em Portugal, os revolucionários de esquerda e os trôpegos de direita são portugueses nem pela metade; neles só um hemisfério cerebral parece funcionar. Quando lhes é solicitado um pensamento, pedem licença e saem para apanhar ar. A música da sua preferência parece ser a marcha, uma estranha e absurda marcha: um, dois… esquerda, direita… Mas como o espaço da parada é pequeno em Portugal, eles marcham parados… um, dois… esquerda, direita…
57 – …E aqueles que, por tanto tempo e de vários modos, se habituaram tanto à noite sem lua, que já não têm a memória do sol.
58 – Consciência espiritual – Não basta crer em Deus, num Universo de Amor, Inteligência e Beleza. A demanda do Espírito Santo a todos convoca para o movimento que sob várias formas está presente nas personagens da Cena Divina, enfim, observar a imanência de Deus, «O Criador nas criaturas», como disse Frei Agostinho da Cruz.
59 – Esperança e certeza. Para a ciência, esperança pouco significa, procurado o que possa ser medido e demonstrado. Todavia, a certeza e a exactidão também vacilam perante os factos do imprevisto e do imprevisível. Ora, só na esperança - campo aberto das possibilidades e, assim, da realização – pode haver lugar para o insondável e difícil de ser dominado (controlado), e que cientificamente foi descrito pelo «princípio do indeterminismo» ou «desigualdade de Heisenberg». Esperança e certeza. A primeira é que nos dá a luz. Ela é a eterna mãe, a geradora incansável que depois faz nascer (surgir) o corpo do concreto, e que, neste caso, poderíamos também chamar “corpo de ciência”.
60 – Painéis de Nuno Gonçalves – Para além da identificação nominal das personagens, o que mais importa é a sua função arquetípica, por si mesma, e nos planos que ocupam. O obsessivo empenho de saber o nome da cada figura, pode cegar para a unidade funcional que se movimenta plena de sentido em âmbito mais subtil.
Que dinastia, ciclo ou época tem o seu começo no momento da abertura da Bíblia no Evangelho de S. João? É essa a Hora de outra História, a da contracção do tempo, ou a da sua plenitude?

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