sapateiro de Trancoso - (7) - 4.ª e última parte
Eduardo Aroso
Só sábios podem falar.
E não apenas quem pode
Enredos inventar.
Cada um que se contente
Com o que dá a sua leira.
Mas não venha tapar-nos
O sol com uma peneira.
Cada qual não queira mais
Do que dá sua lavoura.
Pois a justiça do tempo
Dá-lhe um golpe de tesoura
Há quem ganhe com a Língua
Às vezes só pela fama;
E há quem pague p’la língua
Se renega a sua cama.
Ali junto a Belém
Queria eu outros fados:
Mudar o tom à nação
De heróis desafinados.
Falsa luz sempre existiu
Tem altar cá no país.
É que tantos frutos d’oiro
Não os dá qualquer raiz.
Mas tudo isto há-de mudar
Com o Arcanjo Miguel.
Quem está lá, lá ficará,
Nas ruínas de Babel.
Solstício de Verão, 2010
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